Quem sou eu?
Sou a Tita Gonçalves e sou como sou, com o passar dos anos uma pessoa cada vez mais tranquila. Vivo segundo o lema que sempre ouvi da boca da minha mãe, o de “quanto mais dou mais tenho”.
O “meu” Cancro
Os meus cancros, porque não foi só um…
Em 2011 fui diagnosticada com o meu primeiro, um cancro ginecológico no colo do útero. Valeu-me a sorte de ter feitos os exames de rotina na altura certa.
Em 2012 fiz uma ecografia mamária e mamografia na Primavera e estava tudo bem, mas em pleno Verão comecei a sentir uns nódulos no peito e pedi à médica de família para fazer uma nova ecografia mamária, pedido esse que foi recusado. Acabei por fazer os exames a meu cargo num estabelecimento privado e decidi ir a uma consulta não programada no IPO. Descobri que em vez de um tumor tinha dois… e ainda hoje espero por um contacto da médica de família que se recusou a emitir novos exames.
Na altura do segundo diagnóstico acompanhava uma amiga que passava pelo mesmo. Não senti o mesmo medo que da primeira vez, porque já sabia o que aí vinha e o quanto iria custar. E no meu pensamento aceitei que iria voltar a passar por todos aqueles efeitos secundários que já conhecia, mas ACREDITEI sempre que iria correr bem. E aqui continuo.
Ser voluntária na Associação Careca Power é...
Ser voluntária nesta Associação mudou todo o sentido da minha vida. Sei que “roubo” tempo à minha família e aos meus amigos para me dedicar a esta causa, e às vezes cobram-me por isso. E que o resultado do meu trabalho pouco se vê, mas também sei que faço a diferença numa simples troca de palavras, num abraço sentido, no estar sempre lá quando é preciso. Porque é no conjunto de todos estes gestos voluntários que conseguimos alcançar aquilo a que nos propusemos. Quanto aos “meus”, espero que um dia percebam o impacto daquilo que faço e se orgulhem de mim.
O lema da minha Vida
Fazer o bem sem olhar a quem. Um abraço não custa a dar e ajuda a curar.
"Não consigo descrever uma Associação sem primeiro pensar em burocracia e em tudo o que em si o nome Associação envolve. Pois bem, não é nada assim. Pelo menos não foi para mim.
Porque as novidades nem sempre são boas… O telefone toca, a 2000km de distância, era a minha mãe. Falava-me de um nódulo que haveria sentido num peito faz algum tempo e que teria de ser examinado. Por ventura este teria sido já examinado e o prognóstico não era positivo – carcinoma na mama direita.
A muitos quilómetros de distância não me ocorreu nada mais se não abandonar o meu trabalho e a minha vida para poder apoiar e estar presente.
O diagnóstico do cancro da mama não é tão assustador e com um final inevitavelmente drástico como antigamente. Pelo menos é o que consta na literatura que me serviu de doutrina para a minha formação académica. Embora com conhecimento de causa não posso negar que começo a sentir medo.
Apoiar e ter conhecimento de causa não significa puder ajudar. Afinal não passava de um mero leigo que na teoria tudo sabia, mas que na prática não tinha o discernimento de como ajudar. O estar presente e puder lutar com e contra, este sentimento de impotência constante de quem quer ajudar, aliviar e aniquilar esta maldita doença e nada pode fazer para que tudo volte a ser como antigamente.
Porque sim… nada mais volta a ser como antigamente…
Indiretamente sem que para tal eu algo tivesse feito, todos os sintomas, dores e demais começam a ser tabu nas nossas conversas. Já não há abertura, cumplicidade, partilha. Talvez para não me preocupar, para não me ver sofrer.
Todos os possíveis tratamentos e possibilidades para que tudo isto acabasse faziam parte de um quotidiano vivido entre muitos quilómetros percorridos entre Portugal e Alemanha.
Tive medo. Medo de não poder ajudar, medo de não poder fazer nada para evitar e medo por não conseguir perceber.
A credibilidade e suporte emocional perante um estado de negação eram por e simplesmente insuficientes, uma vez que não havia um elo de ligação que me permitisse vivenciar o que ela estava a sentir. Os seus medos, receios, ânsias e estado de solidão aparente aumentavam e multiplicavam-se num lugar o qual eu não conseguia alcançar.
Sempre fomos muito unidos e neste momento parece que tudo se esvaia num vazio que se apoderava cada vez mais.
O simples facto de falar e compartilhar as suas experiências de vida com Pessoas, que pelo mesmo processo de doença passaram e estavam a passar, revitalizavam-na aos poucos. É como se sentisse finalmente compreendida, os seus medos e receios davam lentamente lugar a soluções e alternativas para ultrapassar. Tornou a ser Mulher e Mãe e não perdeu a sua identidade e auto independência, enalteceu o seu autoconceito, despertou a essência do seu ego quando pensava estar tudo perdido.
A força, esperança, as vivências, são únicas e intransmissíveis. Pelo menos era esta a minha opinião... Confesso que me enganei redondamente. Com estas pessoas senti, vivi, aprendi e chorei, despertei o sentido para a vida e o que realmente é importante – uma família, amor, carinho. Porque um olhar consegue dizer tanto… e um abraço é tão confidente.
E sim, Pessoas. Esta Associação é para mim um conjunto de Pessoas, uma família, não a consigo ver de outra forma nem me consigo imaginar a viver sem ela."
- Joel Cerqueira Afonso
"Conheci a Associação Careca Power há praticamente 5 anos, por força da doença e sofrimento da minha querida Antonieta, na altura ela tinha recebido o diagnóstico de metástases nos ossos.
Por outras circunstâncias e vicissitudes, quis afortunadamente o destino que num determinado dia e hora fosse acolhida de braços abertos e sem reservas, pela presidente da associação, que passou rapidamente a ser um dos meus portos seguros e minha irmã de coração.
Nestes últimos 5 anos tenho tido a oportunidade de aprender todos os dias que o valor da vida não tem de facto preço nem prazo, que o dinheiro pouco importa e que o melhor que podemos dar e receber dos outros é somente o tempo.
Que o que deixamos por cá, são os momentos, as partilhas e o amor que distribuímos e cultivamos no coração de cada um.
A Associação dos “afetos” como carinhosamente lhe chamo, trouxe-me o amor da minha vida, com quem partilho a mesma estrada diariamente, um careca honorário tal como eu, amigos especiais que são mais do que família, momentos únicos de diversão e partilha, e acima de tudo uma nova forma de estar e viver a vida.
A Associação Careca Power não ajuda só os doentes oncológicos, mas dá a mão aos seus cuidadores e familiares, permitindo que estes superem a maior dor de todas, a de perder para sempre quem mais amam.
Assumo que sou hoje uma pessoa mais feliz e completa, mais humana e agradecida por todas as oportunidades de conviver, abraçar e de ver crescer este grupo de Mulheres com uma capacidade de superação, de acreditar, de amar e sorrir perante todas as adversidades de uma forma que é fora de série.
Sou careca de coração e para sempre estarei grata e disponível para esta associação, a minha associação!
Um bem-haja por tudo o que nos dão.
- Joana Côrte-Real
"Conheci a Associação Careca Power através de uma amiga que é doente oncológica e que colabora com esta fantástica Associação, que ajuda quem necessita de apoio quer seja a nível monetário, psicológico ou noutras áreas. Esta Associação desenvolve diferentes atividades de grupo com diversas experiências, e eu tive a oportunidade de me juntar a uma dessas atividades e saltar de paraquedas com este grupo fantástico de mulheres corajosas e solidárias, que foram postas à prova através da sua doença oncológica e que enfrentam todos os desafios que lhe são propostos, mesmo os mais radicais.
Tive a honra de ser aceite neste grupo, que admiro pela sua força e boa disposição, apesar das adversidades que as unem, e sou muito grata por isso.
Também sigo no Instagram da Associação Careca os diretos onde amigos e colaboradores partilham experiências e conselhos que vou acompanhando com muita atenção."
- Maria Joaquina Cordeiro
"A minha história com a Associação Careca Power começa com um abraço que se estende até aos dias de hoje.
Posso dizer que fui adotado por esta família quando não me identificava com nenhuma outra. Era um órfão de valores, de amor próprio e dava por mim a pensar que os meus problemas, eram problemas.
Para remediar a minha situação de “precaridade mental”, adquiri uma Harley Davidson, que me levou a um encontro da marca, na cidade de Setúbal. Entre imensos expositores, dos quais nada me interessava levar de recordação, saltou-me à vista um, que dizia 1€, um abraço. Não sei o que me levou a adquirir esse abraço, mas foi o que me salvou.
Desde então, tornei-me amigo da Associação, que me trouxe à vida pessoas tão díspares, mas com uma força e união, como nunca tinha visto em mais lado algum. Pessoas que considero da minha família. Pessoas que me ensinaram a ver a vida de outro prisma, que me relembraram o valor do amor-próprio, do amor ao outro, o valor do ganhar e do perder.
Aquele abraço trouxe-me de novo a crença no amor, pois foi com aquele abraço, através das pessoas da associação, que me reencontrei de novo apaixonado por alguém, pessoa essa com quem me mantenho numa relação feliz, sempre com a bênção das nossas carecas, sendo também ela própria, uma amiga da carecas, sem ser careca.
Um bem haja a todas vós por me aceitarem, um forasteiro que se alapou sem vos largar.
Com amor"
- Vítor Mendes
"Foi com muita emoção que assisti, em representação da Acreditar, Associação de Pais e Crianças Com Cancro, ao lançamento formal da Associação Careca Power, no dia 5 de maio de 2018.
Sempre considerei que ninguém melhor do que os próprios doentes para defender e lutar pelos seus interesses e pela melhoria das suas condições sociais, económicas, psicológicas, etc.. Como o grupo do Facebook Careca Power tão bem o prova, é também entre os pares que os doentes com cancro se sentem melhor e também quem melhor pode criar dinâmicas informais de ajuda.
Por isso, consubstanciado na dinâmica dos seus membros, não tenho dúvidas do sucesso que a Associação Careca Power vai alcançar e sobretudo, do conforto que vai proporcionar a milhares de doentes de cancro.
Parabéns pela vossa capacidade de iniciativa e disponibilidade.
Podem contar com a Acreditar para as muitas lutas que teremos pela frente. "
- José Carvalhinho
"Foi com enorme honra que o Observatório Internacional de Direitos Humanos (OIDH), que presido, “apadrinhou” a Associação Careca Power, que se encontra imbuída dos mais nobres valores e princípios humanistas.
Num ato e num gesto de enorme nobreza, estas mulheres corajosas e determinadas, inspiradas em fazer mexer o mundo, são consideradas um exemplo a seguir, por auxiliarem aqueles que mais precisam, consequência do aparecimento da tão assustadora e indesejada doença, o CANCRO.
Nunca, jamais alguém poderá afirmar que um dia não poderá vir a ter necessidade de aprender a lidar com este sofrimento que é o Cancro. Do mesmo modo, este exercício de cidadania a cargo de todas estas mulheres não poderá deixar de ser reconhecido por todos, como uma nobre ação em prol da Humanidade e em defesa da Dignidade da Pessoa Humana, em todos os domínios.
O lema da Associação Careca Power “Juntos, somos imensamente mais fortes” vai ao encontro do lema do OIDH “Servir a Humanidade”. Assim se serve a Humanidade.
Foi por isso criado o Departamento Internacional de Ações Especiais do OIDH, e respetivos Grupos de Ações Especiais (GAE), constituídos pelas mulheres voluntárias da Associação Careca Power, com a particularidade de a sua abrangência ser de amplitude nacional e de se encontrarem devidamente preparados para entrar em ação a qualquer instante e em qualquer lugar deste país. Informa-se que o Departamento Internacional de Ações Especiais do OIDH tem como Diretora-Geral a Drª Miriam Brice e a Drª Paula Barradinhas como Diretora-Geral Adjunta.
Com esta iniciativa espera-se que todos os intervenientes, imbuídos do espírito de cooperação e entreajuda subjacente à mesma causa, possam contribuir também para aproximar os que partilham as mesmas experiências pessoais, assim como trocar e repartir ideias e vivências enriquecedoras para todas as partes."
- Luís Andrade
A nossa equipa irá analisar a elegibilidade do seu testemunho, e publicá-lo assim que possível.
Muito obrigado,
Um abraço apertado de toda a equipa Careca Power! ❤❤❤
"Bom dia companheiras de luta! Partilho convosco as minhas vitórias 😉 e o objetivo é mostrar que coisas boas também acontecem e dar força a quem está a começar o caminho, pois foram os bons exemplos deste grupo que me inspiraram e provaram que tudo pode correr bem! ❤
Após um diagnóstico de carcinoma invasivo da mama esquerda com metástases axilares (dezembro 2020) passei por 16 ciclos de quimioterapia neoadjuvante apenas com "males menores" e continuo com injeção de Trastuzumab (é tipo HER2) ... Na ressonância de controlo pós quimio as lesões tinham desaparecido 😊 apenas os clips mostravam o local 👌 optei por mastectomia com colocação de expansor em vez de "tumorectomia" pois tenho mama pequena e teria sempre de passar por outra cirurgia mais tarde (reconstrução). Faz hoje 1 semana que fui operada, tiraram 6 gânglios (porque não encontravam o clip 😅) os 6 negativos 🎉🍾 Estou a recuperar bem, as dores são mínimas. Ontem fiz o primeiro penso e tirei 1 dreno... Até aqui, não me posso queixar! E espero manter o ritmo! 👌💪💪No meio disto tudo não me sinto doente... estou careca e tenho um diagnóstico mas sou a mesma pessoa, mais forte e com menos medos, mas a mesma essência de sempre!
Rodeiem-se de pessoas brilhantes e pensamentos positivos! Aquilo que ontem era uma nuvem negra, amanhã é uma nuvem de glitter raiada de luz!
"3Fs" - Força, foco e fé (foi a máxima que aprendi neste grupo e cada dia faz mais sentido!)
Beijo no vosso ❤ "
- Lisa Spidernurse
"Ontem fui ao IPO de Lisboa, sozinha, para a consulta de rotina, que como todas vocês sabem, é uma coisa emocionalmente muito forte. E eu, na verdade, não sou sempre forte. Falta-me a família. Apesar de ter todo o apoio do meu incansável Rui, que costuma dizer que também ele tem cancro como eu.
Atravessar uma doença tão devastadora como esta, sem família, é algo que nunca tive a coragem de desabafar com vocês, talvez porque sou demasiado orgulhosa, ou era, até agora.
A maior parte das pessoas pensa que eu sou muito forte por ter escrito o “Luísa e o Lobo”, mas todas as vidas têm uma história.
E a minha história é uma história de resiliência, mas também solitária no que à família diz respeito.
Faz muita falta uma Mãe ou um Pai, para nos abraçar ou dar a mão, ou até só estar ao pé.
Vivo há 7 anos com o cancro e sem isso. E nunca consegui desabafar sobre essa solidão, essa ausência, essa falta.
Eu sei que tenho de viver com isso, mas fazer parte da CARECA POWER, fez com que eu ontem pudesse ter encontrado no IPO, três carecas que me acolheram como se eu fosse família para elas.
Ninguém combinou nada, foi o destino, a mão de Deus.
Quando as vi ao longe, simplesmente desatei a chorar, porque já não estava sem família.
Abraçaram-me, deram-me as suas mãos, o seu tempo e esperaram que eu fosse à consulta, ficando até ao fim para saber o resultado.
Nunca tive nada disto, sem ser do meu Rui.
O que fez de mim uma pessoa demasiado forte. E vocês todas sabem o que acontece quando somos demasiado fortes, às vezes temos de dizer a verdade a nós próprios, às vezes temos de ser frágeis para seguir o caminho.
É preciso muita coragem para assumir o medo, a carência de afeto e a solidão provocada pela ausência de família de sangue.
Obrigada por existirem, por estarem aí desse lado e por serem tudo o que me falta.
Eu preciso muito de vocês."
- Luísa Virtudes
O seu interesse será analisado por um membro da associação, que irá entrar em contacto contigo assim que possível.
🧡💛 Um grande abraço! 🧡💛